Segundo a gramática normativa, o sujeito não deve ser preposicionado, ou seja, não deve estar “atrelado” a uma preposição. Isso porque a preposição é uma classe de palavras que introduz um termo da oração classificado como complemento.
Sabemos quesujeito é o termo da oração que indica a pessoa ou a coisa sobre a qual afirmamos ou negamos uma determinada ação, estado ou qualidade. O sujeito pode ter um complemento, mas ele não é o complemento. Assim, nafrase:
“A casa de Marcelo foi totalmente destruída.”
“A casa de Marcelo” é o sujeito. O núcleo desse sujeito, ou seja, sua parte essencial é “casa”; “de Marcelo” é complemento do sujeito, mas não é o sujeito em si.
No caso que confere título a este verbete, temos um sujeito (ele) que não deve, rigorosamente falando, ser introduzido por uma preposição. Logo, o correto é dizer:
“Antes de ele iniciar a vistoria, tomou todas as precauções, seguindo os protocolos adotados.”
Vejamos mais alguns casos:
“Apesar de o magistrado sempre ter votado contra a prisão em casos como aquele, desta vez ele decidiu de forma diferente, o que surpreendeu a todos.”
Nessa frase, “o magistrado” é sujeito e, por essa razão, não se usa a contração da preposição de com o artigo o.
“Já passou do tempo de as pessoas aceitarem e respeitarem a orientação sexual de seu semelhante.”
Os verbos “aceitarem” e “respeitarem” têm como sujeito “as pessoas”, por isso, não se contrai a preposição decom o artigoas.
“Vivemos em uma democracia. Assim, não vemos problema em as pessoas pensarem de modo diferente, desde que não interfiram na liberdade alheia.”
“As pessoas” é sujeito do verbo “pensarem” e, nessa condição, não se funde a preposição emao artigoas.
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“Os juristas celebraram a aprovação da nova lei e o fato de ela incluir todos aqueles casos que, antes, eram tidos como inconstitucionais.”
“Ela”, como vemos, é sujeito do verbo “incluir”, por isso não se funde com a preposiçãode.
Importante observarque, nos casos mencionados, o verbo sempre aparece no infinitivo. Logo, uma dica é prestar atenção a construçõesem que o verbo aparece nessa forma nominal e verificar se o sujeito é antecedido de preposição, para não contraí-los.
Há gramáticos que não condenam a contração do sujeito com a preposição, usada como um recurso estilístico para soarmais natural e eufônico. Esses estudiosos do nosso idioma consideram a forma preposicionada, empregada sobretudo na linguagem oral, uma variante linguística válida. Um exemplo bastante conhecido, citado pelo Professor Evanildo Bechara, é o deste provérbio:
“Está na hora da onça beber água.”
Muitas pessoas aglutinam o de ao a para soar mais natural, mais melódico.
De todo modo, esse mesmo provérbio pode ser pronunciado desta maneira:
“Está na hora de a onça beber água.”