LEMBRE-SE:
Para expressar uma condição, devemos atentar à correlação verbal entre tempos e modos (indicativo, subjuntivo, imperativo).
Em orações condicionaisfactuais ou reais, ou seja, se x acontece, y também acontece, devemos usar tempos verbais do modo indicativo. Na oração introduzida pela conjunção se, empregamos o presente do indicativo. Na oração principal, podemos empregar o presente ou o futuro do indicativo, ou, ainda, o modo imperativo. Veja, por exemplo:
“Se aquele crítico de televisão assiste a tudo, seja TV ou streaming, espero em breve uma resenha sobre a nova novela das 9.” (presente do indicativo + presente do indicativo)
“Se você quer tanto conhecer Paris, comece desde já a economizar bastante, pois a viagem é cara.” (presente do indicativo + imperativo)
“Então, se Isabella chega mais cedo na quarta-feira, ela fará o jantar, pois é ótima cozinheira.” (presente do indicativo + futuro do indicativo)
Aqui, cabe uma ressalva: o emprego de presente + futuro tem sido cada vez menos frequente.
Em condicionais hipotéticas, ou seja, na hipótese de x acontecer, y também acontece, a oração com a conjunção se tem o verbo no futurodo subjuntivo, enquanto a oração principal terá o verbo no presente ou no futuro do indicativo.
“Se ele vier com cinco pedras na mão, eu já dou aquele gelo nele. (futuro do subjuntivo + presente do indicativo – é uma hipótese, pode ser que ele não venha com as cinco pedras na mão)
“Se aquela Medida Provisória não for aprovada, teremos problemas para viabilizar o orçamento.” (futuro do subjuntivo + futuro do indicativo)
Há casos em que a oração condicional expressa algo que não aconteceu, ou algo que poderia ter acontecido em um passado ou no plano imaginário. Esse tipo de oração, também conhecida como condicional contrafactual, admite estas formas de correlação verbal:
“Se a história fosse mesmo cíclica, todos os acontecimentos futuros seriam previsíveis, o que sabemos não ser verdade. (pretérito imperfeito do subjuntivo + futuro do pretérito)
“Se todos tivessem o mesmo gosto que ele, o mundo estava perdido! Vá ter mau gosto assim lá na Conchinchina!” (pretérito imperfeito do subjuntivo + pretérito imperfeito do indicativo)
“Se você tivesse se esforçado um pouco mais, quem sabe não teria tido melhor desempenho na prova! (pretérito imperfeito do subjuntivo composto + futuro do pretérito composto)
“Se o Brasil tivesse sido colonizado pela Inglaterra, provavelmente tinha tido o mesmo destino de país subdesenvolvido, com a diferença de ter o inglês como língua oficial.” (pretérito imperfeito do subjuntivo composto + pretérito mais que perfeito composto)
Como se vê, a correlação verbal em frases condicionais abrange uma gama de variações e cada uma remete a um grau específico de certeza daquilo que falamos. Como aprendemos nos dois últimos verbetes, o modo subjuntivo é aquele da dúvida, da probabilidade. Logo, toda vez que nos depararmos com o subjuntivo em frases condicionais, saberemos que estamos diante de uma circunstância, no mínimo, imprecisa, vaga, para não dizer infundada. Assim sendo, conhecer os modos e tempos verbais e suas correlações é uma maneira de elaborarmos com segurança frases cujo sentido seja exatamente aquele que queremos imprimir.