LEMBRE-SE:
Quando empregar
Crase (VI): dois casos específicos
Hoje vamos tratar de duas situações em que o uso da crase é muito específico. A primeira refere-se à palavra “terra”.
Quando se emprega o substantivo “terra” no sentido de “terra firme”, em contraste com a ideia de “mar” ou “rio”, não se usa crase.
“O navio já estava chegando a terra quando recebeu ordem de voltar, pois não havia condições de desembarque.”
“Os tripulantes da embarcação desceram a terra para conhecer os moradores daquela cidade à beira-mar.”
Observe que, usando-se outras preposições, também não se emprega o artigo, o que comprova a inexistência de crase:
“Não há evidências que, em terra, os marinheiros fizeram algo de errado. Se cometeram algum delito, isso foi em alto-mar.” (“em” = preposição)
“Os tripulantes irão por terra até a cidade mais próxima.” (“por” = preposição)
Nos demais casos, em que não existe essa distinção entre “terra firme” e “mar/rio”, faz-se necessário o emprego da crase.
“Depois de muitos anos tentando conseguir emprego em São Paulo e sempre receber um não como resposta, ele resolveu voltar à terra natal, onde encontrou trabalho e acolhida de sua família.”
“Os astronautas da Estação Espacial Internacional voltarão à Terra depois de terminarem uma série de experimentos científicos e reparos na estrutura da espaçonave.”
O outro caso que queremos destacar é em relação à palavra “casa”. No sentido de “lar”, “domicílio”, não se usa crase.
“Depois de caminhar mais de dez quilômetros, ela chegou exausta a casa.”
“Teve que voltar a casa porque, no meio do caminho, lembrou-se de que tinha esquecido a carteira e o telemóvel.”
É fácil identificar que o artigo não é usado nesse caso, quando se observam exemplos com outras preposições.
“Ô de casa!” (“de” = preposição)
“Antes de voltar a trabalhar, Pietro esteve em casa para almoçar. (“em” = preposição)
No entanto, se a palavra “casa” vier seguida de qualquer qualificação, a crase será empregada.
“Depois do café da manhã, iremos à Casa França-Brasil para ver a exposição de pintura contemporânea.”
“A primeira vez que fui à casa de Leonor, fiquei espantado com a desorganização. Ela vive em um verdadeiro bricabraque!”
Por hoje, é só. Na próxima publicação, trataremos dos casos facultativos do uso da crase. Até lá!