Ao se falar da vírgula, cabe destacar inicialmente os dois casos em que ela não deve ser empregada.
- Como sabemos, não se usa vírgula para separar sujeito de verbo, mesmo que o sujeito seja extenso.
“Remédio ingerido em excesso faz mal para a saúde.” (Sujeito: “Remédio ingerido em excesso”)
Sujeitos oracionais também devem estar conectados diretamente ao verbo, sem vírgula no meio do caminho.
“Fazer várias coisas ao mesmo tempo é quase uma obsessão para ela, que sofre de TDAH, ou seja, de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade.” (Sujeito oracional: “Fazer várias coisas ao mesmo tempo”)
“Quem muito escolhe acaba escolhido.” (Sujeito oracional: “Quem muito escolhe”)
Neste último caso, cabe uma observação, fruto da interpretação de alguns gramáticos contemporâneos. De acordo com tais especialistas, por clareza, é possível o emprego da vírgula para separar verbos contíguos. Assim, para eles, neste exemplo seria possível o emprego da vírgula entre o sujeito oracional e o verbo: “Quem muito escolhe, acaba escolhido”.
Outros exemplos:
“Quem viver verá” ou “Quem viver, verá”
“Quem ama educa” ou “Quem ama, educa”
“Quem sabe faz a hora” ou “Quem sabe, faz a hora”
- Também não se pode colocar vírgula entre o verbo e seu complemento.
“As enchentes que assolam várias regiões do país mostram como nos tornamos inconsequentes em relação ao impacto ambiental.” (Complemento do verbo “assolam”: “várias regiões do país”)
“Os especialistas são unânimes em dizer que não é boa ideia se expor à variante Ômicron apenas porque ela aparenta ser menos agressiva.” (Complemento do verbo “dizer”: “que não é boa ideia”)
Vamos ver agora quando a vírgula deve ser usada.
- Primeiramente, podemos destacar o papel desse sinal de pontuação para separar o vocativo.
“Maria, sai da lata!” (famoso slogan publicitário – vocativo: “Maria”)
“Quase no fim da partida, só se ouvia a torcida cantar: ‘Corinthians, eu nunca vou te abandonar!’ ” (Vocativo: “Corinthians”)
Ernesto, todos sabemos que você seria incapaz de ter uma atitude dessas.” (Vocativo: Ernesto)
- O aposto deve ser isolado por vírgulas.
“Stendhal, autor francês do clássico O vermelho e o negro, morreu em 1842.” (Aposto: “autor francês do clássico O vermelho e o negro”)
“Cícero, o mais esperto dos quatro irmãos, foi o primeiro a se formar em um curso superior, mesmo não sendo o primogênito.” (Aposto: “o mais esperto dos quatro irmãos”)
As mesmas frases poderiam ser elaboradas desta forma:
“Autor francês do clássico O vermelho e o negro, Stendhal morreu em 1842.”
“O mais esperto dos quatro irmãos, Cícerofoi o primeiro a se formar em um curso superior, mesmo não sendo o primogênito.”
- A vírgula pode ser empregada para indicar a omissão de um verbo.
“Matheus sempre preferiu a leitura, já seus irmãos, a televisão.”
A vírgula depois de irmãos indica a omissão do verbo “preferiam”.
“Cláudia trará o bolo, Christiane, as bebidas e Roberto, os salgados.”
As vírgulas depois de Christiane e Roberto indicam a omissão do verbo “trará”.
“Hoje o dia está lindíssimo. No céu azul, duas nuvenzinhas esparsas!”
A vírgula depois de azul indica a omissão dos verbos “há” ou “tem”.
Estes são alguns casos em que o uso da vírgula é necessário ou que a vírgula confere um estilo à forma de expressão escrita.