RODA DE CONVERSA NO TRF3 DEBATE A QUESTÃO DAS MIGRAÇÕES HUMANAS
Evento contou com a participação de Frei Luciano, Gestor da Fraternidade - Federação Humanitária Internacional
A Presidente do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF3), Desembargadora Federal Therezinha Cazerta, recebeu, no dia 11/6, Frei Luciano (Francesco Gullo), Gestor Geral da Fraternidade - Federação Humanitária Internacional (FFHI), para uma roda de conversa sobre “Migrações Humanas e Fraternidade - Diante de Um dos Maiores Desafios do Século XXI”, na Escola de Magistrados da Justiça Federal da 3.ª Região (EMAG).
A Presidente do TRF3 mediou a conversa, que contou, como debatedores, com os Desembargadores Federais Paulo Fontes e Inês Virgínia e a Presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-SP, Claudia Luna. O Diretor da EMAG, Desembargador Federal José Lunardelli, a Desembargadora Federal Marli Ferreira (Presidente do TRF3 entre 2007 e 2010), o Presidente do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF1), Desembargador Federal Carlos Eduardo Moreira Alves, e o Juiz Federal em Auxílio à Presidência do TRF1, Rodrigo Navarro, prestigiaram o evento.
Com a presença de magistrados e servidores da Justiça Federal de São Paulo, Frei Luciano, Gestor Geral da Fraternidade - Federação Humanitária Internacional (FFHI), falou da participação permanente da Fraternidade em Roraima, especialmente nas cidades de Pacaraima e Boa Vista, com presença e acolhimento da FFHI desde 2016, de indígenas e de refugiados venezuelanos. A FFHI promove, na região, atendimento médico, odontológico, psicológico, atividades educacionais, artísticas, aulas de português, espanhol e Warao, atividades recreativas, ajuda na inserção ao mercado de trabalho e incentivo à manifestação da cultura indígena Warao, desde 2017 em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Frei Luciano descreveu o trabalho da Instituição em cinco abrigos no estado de Roraima e explicou a diferença do acolhimento de refugiados no Brasil e na Colômbia. Para ele, Pacaraima sofre uma grande crise humanitária, que segue, e apresenta diversas vulnerabilidades, como o tráfico de pessoas e de crianças e a prostituição. Afirmou que entre 350 e 400 pessoas chegam, diariamente, à região. "Hoje, com essa grande quantidade de pessoas, beiramos o colapso", declarou.
Ele relatou que, inicialmente, os refugiados chegam a um posto de triagem, próximo a Pacaraima, passam pelo primeiro abrigo de acolhimento e, depois, são enviados para Boa Vista, se houver espaço em algum abrigo. Após isso, começa o cadastramento para entrevistas e organização do processo de interiorização coordenada pelo Exército.
Porém, apesar da situação complexa, o Frei destacou a atuação do Ministério da Defesa na região. Apontou como fundamental a Operação Acolhida, intervenção do Exército, em janeiro de 2018, para organizar a entrada dos refugiados no Brasil e o trabalho de acolhimento, até a regularização de documentos e a interiorização dos venezuelanos nas comunidades brasileiras.
"Sem o trabalho do Exército Brasileiro, já estaríamos vivendo o caos", afirmou. "A participação do Exército no conjunto da crise humanitária de Roraima, deve ser reconhecida, pois manifesta um aspecto de acolhimento e serviço, que todo brasileiro deveria tomar como exemplo."
Indagado sobre uma solução para a questão, Frei Luciano disse não ter a pretensão de apresentar uma resposta.
"Nós temos uma atividade humanitária que, independente de qualquer coisa, entende que o ser humano merece um acolhimento, um primeiro atendimento e, se possível, algum encaminhamento igualmente digno", ressaltou.
A Desembargadora Federal Therezinha Cazerta agradeceu a presença do Frei na Corte e mostrou-se comovida com os relatos trazidos pelo Gestor Geral da Fraternidade.
“Se, por um lado, a questão humanitária toca a todos nós, nosso país também vive uma dificuldade concreta e fazemos parte disso. O mundo não será melhor, se não for melhor para todos”, declarou.
Coordenador da Central de Conciliação do TRF3, o Desembargador Federal Paulo Fontes expressou sua admiração pelo trabalho e citou o exemplo da Alemanha, no acolhimento de refugiados. Falou também do difícil trabalho de conciliar a vontade de acolher com a desestruturação que a imigração causa nos países.
Em nome da Comissão Mulher Advogada da OAB-SP, a advogada Claudia Luna parabenizou Frei Luciano pelas iniciativas que considera fundamentais em um contexto complexo e desumano como o que está ocorrendo em Roraima.
A Desembargadora Federal Inês Virginia parabenizou o trabalho e destacou que é muito inspirador saber que existem pessoas dedicadas a amar o próximo todos os dias.
Fraternidade - Federação Humanitária Internacional
A FFHI já realizou 22 missões humanitárias nacionais e internacionais, juntamente com associações civis, dentro e fora do Brasil. A atuação dos missionários ligados à entidade inclui atendimento médico, terapêutico, psicológico, lúdico, artístico e educacional, além dos animais e meio ambiente.
A entidade criada e sediada no Brasil, no município de Carmo da Cachoeira (MG), vem realizando missões humanitárias desde a década de 1990 - Comunidade Figueira. Seus voluntários já marcaram presença em verdadeiras catástrofes sociais, naturais e ambientais, em fugas de conflitos e em perseguições de cunho étnico, em países como Etiópia, Ruanda, Nepal, Turquia, Egito e Argentina, além do Brasil.
Para fazer doações (financeiras, de milhas), deve-se entrar em contato pelo e-mail secretaria@fraterinternacional.org ou https://doeparafraternidade.org/checkout/. Todas as ações da FFHI são ofertadas gratuitamente e manifestadas voluntariamente pelos servidores, os quais devem estar doados a uma causa superior. A condição de "estar doado" é a mola que impulsiona todo o trabalho, cuja participação é espontânea, voluntária e não remunerada. Destaca-se que não existe cobrança de nenhuma espécie a quem recebe os frutos desse trabalho abnegado.