Um argumento “desvestido de supedâneo jurídico” pode soar compreensível para alguns de que deve haver algo pouco favorável na elaboração desse argumento. Mas será mesmo necessário recorrer a uma paráfrase tão sofisticada para afirmar que um argumento não possui embasamento jurídico?
A escolha do que dizer e de como dizer revela muito sobre quem elabora a mensagem. Ao optar por palavras pouco usuais e de sentido nem sempre evidente, a pessoa pode ter em mente a noção de que não se deve subestimar seu interlocutor, presumindo que ele não compreenderá determinadas expressões. Na verdade, selecionar palavras e expressões mais conhecidas não é uma forma de diminuir o interlocutor. Antes de mais nada, tal atitude pode revelar predisposição para se fazer entender e buscar uma identificação com o outro, algo difícil de se atingir se escolhermos palavras e expressões de emprego muito restrito.
Assim, sempre que escrevemos um texto, mesmo que direcionado a interlocutores de nosso meio profissional ou acadêmico, convém ser mais seletivo na escolha dos vocábulos, facilitando a compreensão e economizando o tempo daqueles que podem não ter disponibilidade para “traduzir” expressões um tanto complexas como essa.